sexta-feira, 25 de abril de 2014

Canudos, vinte mil mortes


Um dos clássicos da literatura brasileira, " Os Sertões", de Euclides da Cunha,  conta essa página negra da História do Brasil. A seca no nordeste no fim do século XIX fez muitas mortes dos sertanejos. Os que sobraram formaram bandos de cangaços ou de messiânicos. Num desses grupos de messiânicos havia o beato Antonio Conselheiro, Cearense de Quixeramubim,  que se instalou com os seus seguidores as margens do rio Vaza-Barris no interior da Bahia, formando o Arraial de Canudos.  Conselheiro era um homem  muito inteligente e  achava que as terras pertenciam a Deus e não aos latifundiários. Junto com os seguidores, cultivaram as terras, plantaram mandioca, arroz, feijão, café, milho, criaram porcos, frangos, irrigação, etc. Todo o Brasil falava em Canudos e no seu progresso. Muita gente migrou-se para lá.  

Não havia miséria, nem fome, nem sede pois todos trabalhavam formando uma sociedade igualitária como queria Conselheiro. Casas de pau a pique, igreja, praças, ruas foram construídas por ele. Outros municípios vizinhos começaram a crescer como Canudos, dando pouca importância para a República do Brasil que havia sido proclamada em 1889, quatro anos antes da instalação de Canudos que  se deu em 1893. O Arraial de Canudos passou a exercer uma grande liderança, inclusive não pagando impostos ao governo e toda a vizinhança passou a considerar Conselheiro um Santo ou um novo Cristo. Mas a Igreja,  latifundiários, elites e os governantes da república entendiam que Conselheiro e Canudos eram uma ameaça para todos eles e decidiram acabar com Canudos, em 1896, enviando  50% do efetivo  das forças militares do país. Mesmo assim, na Guerra dos Canudos, os jagunços lutaram até o final e 20 mil mortes dizimaram com todo o Arraial de Canudos. É uma história que não se esquece e até hoje  a luta pela terra continua.

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